Andrea Cunha Freitas
07/03/2013 - 12:08
Retrato do INE a pretexto do Dia Internacional da Mulher revela que elas são apenas um terço dos dirigentes a exercer em Portugal.
As mulheres portuguesas representam apenas um terço dos profissionais em
cargos de chefia e as que chegam ao topo são por regra mais jovens, mais
qualificadas, casam-se menos e divorciam-se mais.
O retrato é feito pelo Instituto Nacional de
Estatística na publicação Trabalhar no Feminino, divulgada nesta
quinta-feira a pretexto do Dia Internacional da Mulher, que se comemora
sexta-feira. De acordo com os dados do Censos 2011, existiam nesse ano 108.890
mulheres a exercer a profissão como “dirigentes”.
A idade média das mulheres em cargos de chefia fica-se pelos 43,3 anos (a
média total é de 45 anos) e cerca de 36% possuía um curso superior, face a 30%
do total dos dirigentes.
No que se refere ao estado civil, 66,1% são casadas (nos homens, esta
percentagem sobe para os 74,9%), mas as mulheres nos cargos de chefia
ultrapassam os homens nos dados sobre os solteiros (são 20,8%, enquanto os
homens são 16,4%) e divorciados (10,4% das mulheres contra 7,8% dos
homens).
No indicador das mulheres “empregadoras”, o género feminino também
representa apenas um terço do total. “Em Portugal existiam 162.055 mulheres
cuja situação era ‘empregadora’, o que correspondia a 35,3% do total”, diz o
INE.
Também aqui, elas são mais jovens e qualificadas do que eles. A
representatividade destas mulheres empregadoras é, no entanto, mais acentuada
nas actividades associadas a serviços domésticos (96,6%), Educação (67,7%) e
Saúde e Apoio Social (65,6%).
Entre outras conclusões, o retrato divulgado hoje pelo INE constata ainda
que apenas 6% dos membros dos conselhos de administração das empresas cotadas
em 2011 no PSI-20 eram mulheres. A baixa representação feminina coloca Portugal
7,7 pontos percentuais abaixo da média da União Europeia a 27 e “muito aquém da
meta de 40% definida pela Comissão Europeia para 2020”, salienta o documento do
INE.
Onde elas predominam
O retrato das mulheres por sectores também não traduz a igualdade desejada entre homens e mulheres no plano profissional. “A população feminina estava em minoria em quase todos os sectores”, diz o documento.
O retrato das mulheres por sectores também não traduz a igualdade desejada entre homens e mulheres no plano profissional. “A população feminina estava em minoria em quase todos os sectores”, diz o documento.
Porém, salienta o INE, as mulheres continuam a predominar nalgumas áreas
como “nas actividades de saúde humana (74,2%), na Educação (64,2%) e no
Alojamento e restauração (55,5%) ”.
Os indicadores de 2011 que chegam das chamadas “gazelas” – definidas
como “empresas jovens de elevado crescimento com até cinco anos de
idade” – não parecem ser capazes de inverter esta desigualdade. Antes pelo
contrário: em 2011, as mulheres eram 36,6% da força de trabalho nas “gazelas”,
contra os 46,6% que representavam em empresas idênticas mas mais antigas.
Num olhar mais geral, o INE mostra ainda que em 2011 as mulheres
representavam 47,8% da população empregada e tinham, em média, 40,5 anos.
Independentemente dos cargos que ocupam, existiam cinco profissões que
absorviam 37,3% do emprego feminino. Assim, 10,1% eram trabalhadoras de
limpeza, 9,9% vendedoras em loja, 9,1% empregadas de escritório, 4,3%
professoras dos ensinos básicos (2.º e 3.º ciclos) e secundário e 3,8%
trabalhadoras de cuidados pessoais nos serviços de saúde.
“Estas profissões apresentavam taxas de feminização muito elevadas, ou seja,
eram maioritariamente exercidas por mulheres”, salienta o INE.
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